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Língua e interlíngua

Recentemente, tem circulado em algumas páginas on-line sobre revisão a petição Inclusão dos revisores profissionais de texto no regime tributário simples nacional. Debates sobre a seriedade da Avaaz à parte, é interessante pensar como a iniciativa mostra noções de língua bastante díspares:

 

"Solicitamos de Vossa Excelência [senador Aécio Neves] o acesso da atividade de revisão gramatical ao regime tributário Simples Nacional (alteração da Lei Complementar número 123, de 14 de dezembro de 2006)."

 

 

Fonte: <emivieira>

 

 

O uso de "revisão gramatical" revela, de um lado, o imaginário social que existe sobre o trabalho do revisor de textos e seu domínio de língua e gramática, e, de outro, o próprio profissional, o qual propõe ações que possam melhorar suas condições de trabalho, logo, e ainda que sem plena consciência desse imaginário, transformar sua imagem fora dos créditos de expediente. Para entender um pouco mais sobre como esse imaginário é construído, vale pensar sobre essa língua de que estamos falando. Que língua é essa? Como pensá-la na revisão de textos? No artigo A interlíngua de Atrás da Catedral de Ruão, a linguista Luciana Salgado fala da noção de interlíngua, proposta pelo também linguista e pesquisador Dominique Maingueneau. É importante refletir sobre o funcionamento da língua nesse ambiente de trabalho tão complexo e heterogêneo, para que, como profissionais, os revisores de texto não se tornem apenas reprodutores de práticas e ideias, reafirmando, assim, estereótipos dos quais, na verdade, precisam/pretendem se livrar. Sobre essa mera reprodução de práticas e conteúdos, podemos encontrar no texto de Julio CortázarFim do mundo do fim, uma metáfora interessante que traz como exemplo uma sociedade repleta de escribas, a qual nos leva a refletir sobre o papel não só do revisor, mas de todo profissional que participa de atividades de produção e difusão de conhecimento, cultura, comunicação e informação.

 

 

 

 

 

 

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