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      Discutir práticas sociais relacionadas à percepção da leitura: é nesse sentido que Michel De Certeau, em seu artigo Ler: uma operação de caça, pensa a questão da autonomia do leitor dada em sua relação com os textos na construção dos sentidos. Onde está – e há? – o lugar do leitor nos textos que lê? De início, pode parecer que esses sentidos estão sempre presos somente ao autor, mas, na verdade, De Certeau nos mostra que é na e pela leitura que os textos realmente significam. O autor fala que os leitores não são pura recepção e passividade, mas, ao contrário, são também responsáveis pela produção dos sentidos dos textos que leem: 

 

Se portanto “o livro é um efeito (uma construção) do leitor”, deve-se considerar a operação deste último como uma espécie de lectio, produção própria do “leitor”. Este não toma nem o lugar do autor nem um lugar de autor. Inventa nos textos outra coisa que não a “intenção” deles. Destaca-os de sua origem (perdida ou acessória). Combina os seus fragmentos e cria algo não-sabido no espaço organizado por sua capacidade de permitir uma pluralidade indefinida de significações. (DE CERTEAU, 2002, p. 264-265)

 

     Já Dominique Maingueneau – em Autor: a noção de autor em análise do discurso – trata da questão da autoria no âmbito da análise do discurso, propondo algumas categorias de autor organizadas com base em traços característicos observados na própria construção da autoria dos textos.

       Nesse sentido, vale pensar a importância de se considerar a relação entre a leitura e a autoria na atividade de revisão de textos - qual é, afinal, o lugar do revisor em meio a essa correlação?

 

 

 

Leitura, autoria e produção de sentidos

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